sexta-feira, 1 de julho de 2011

[Parvismo] e Afinal que merda és tu?

hoje sento-me

e pergunto



afinal que merda és tu?



levanto-me

e pergunto



afinal que merda és tu?



olho-te nos olhos

e pergunto



afinal que merda és tu?



aponto-te o dedo, faço de minha face incursão do medo

e pergunto



afinal que merda és tu?



a ti me chego, teu odor inalo, teu fedor cheiro

e pergunto



afinal que merda és tu?



sem resposta me irrito

e pergunto



afinal que merda és tu?



sem reacção

te pergunto



mas afinal que merda és tu?



de ti me aproximo, teu bafo a cadáver sinto, e replico



foda-se, mas afinal que merda és tu?



perco a compostura e da mente impura solto o impropério



foda-se puta vendida, mas afinal que merda és tu?



vejo teu corpo dormente tua mente intermitente tua alma ausente, e no presente

pergunto



afinal que merda és tu?



interpelo incompreendido, afinal de cheiro fedido minha merda só sai do cu,

e pergunto



mas afinal que merda és tu?



que a merda por teus poros evapora

e de tuas palavras tresanda

como a vendedora que por gloria toma velha propaganda



agarro tuas roupas rasgadas atiro-te do cimo das escadas, te acordo e em tua face berro



acorda Portugal, afinal que merda és tu?



obrigo-te ao banho,

retiro de ti culturas de ferro ouro e estanho,

teu cabelo amanho,

aos filhos de Afonso Henriques suplico

aos descendentes de Viriato rezo

e pois por ti nem pena nem desprezo

apenas odeio teu amante obeso

que teima em te explorar



ao soco te acordo e em ti imploro ...

afinal Portugal? que merda és tu?



finalmente o bafo “labajao” desaparece

teu chulo estremece

pois a merda de que te levantas já não lhe obedece



deixas o fedor para gregos e franceses

a merda para tristes espanhóis e ingleses



por ti já não chamam nem serpentes na caracóis



e brilharas por mim e um sois



por fim ...

em fim apenas resta



que acordes...



mas afinal Portugal, que merda és tu?

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Manifesto do Parvismo


“Uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero! “ Por José de Almada Negreiros em Manifesto Anti-Dantas

Aqui, eu, hoje em vossa mente de velho papel escrevo
Que demente seja, e dementes sejamos
Mas aqui criamos o que ousamos pensar
Seja então escrito, prescrito e não circunscrito
Que Parvismo seja nome
E sua descrição seja nossa arte de provocar
De ser, de ver o mundo e o amar…
Que o Parvismo se estenda para la nossa escrita
ganhe melodia e prospere,
Que ganhe cores e sabores
por fim por si impere
Que Parvismo seja a arte
De ao normal recusar sucumbir
Que que em cada um exista forma única do pensamento parir
Que cada parvo seja respeitado por sua forma de não ver
Mas observar o ser
Que lhe da corpo e explora a alma
Mas que com toda a calma
O deixa pela vida com rumo vaguear
Que o Parvismo não seja política
Mas que toda a critica em si exista
Que a critica em si prospere
mas que consciente seja
que da ovelha nos proteja
pois rebanho não somos, nem seremos,
e para pastar, jamais viveremos
Que a vingança de nos Parvos não se apodere
Que a provocação seja nossa mãe
e que como filho sem pai
nossas tranças entrelaçadas
se tornem em psicadélicas escadas
de pensamento inconcepto e sempre disperso
que expluda no mundo como uma louca espiral
que não tem bem nem mal
apenas um pressuposto geral
que a mente pode mudar
e o banal banir de volta ao ventre da vaca cega que o ousou parir

Resumindo mas jamais concluindo
Que o Parvismo seja então, a arte sem vela nem senão, sem bela nem Sansão, de puxar ao mundo suas orelhas e mostrar as putas velhas que é hora de mudar, de viver, de aprender a crescer sem criança deixar de ser.
Puxemos então, de aqui até que o céu toque o chão o ser há única razão, que a vida não existe para que o triste morra de trabalho alheio mas para que ame até o mais simples permeio da mais bela porção de existência...

Assim sendo, escrevo, reescrevo e prescrevo, que parvo sou e parvo seremos se a nossa mente descrevermos.
Por fim mas não em fim, proclamo e afirmo que José de Almada Negreiros seja o pai do Parvismo.



descrição do Parvismo:

o Parvismo pretende ser uma forma de acção, criação e de intervenção de forma pouco convencional e sempre com a arte como meio, sendo a escrita uma componente essencial.

Tiago Coelho e João Couceiro e Castro, Junho 2011

segunda-feira, 27 de junho de 2011

sem titulo- porque a vida nao o tem...

devem ser lidos juntos e separados... como quiserem...




e que piada tem uma vida directa? - pergunto eu

directa "á" morte? - volto a perguntar

sem essência apenas norte .... - tento explicar

pobres de vos ... - como um exaltar

sempre a gritar, - já estou a berrar

sem som nem vos ... - teus ouvidos a torturar

sempre a marchar, - em ritmo continuo

a correr directamente para a foz .... - como martelada na viragem da esquina

fracos e ignorantes... - uma chamada da estupidez

estúpidos caminhantes - com destino a lugar algum

que não sabem que a vida esta nas paragens - só por que sim

regadas de vinho ate as margens - com uma ponta de sedução

de um firme e irreverente rio - e porque não

cheio de rápidos e tremuras - um pouco de paixão

de amores e loucuras... - regada a luxuria

isso sim é viver... isso sim é não ter medo de parar - porque a vida não tem cura

ver e vencer... ver e viver... - urge voar elevando o chão!


ps: isto ainda não esta acabado, continua em estúpidos círculos mentais... com calma... ou nem por isso

o que sei...


não sei se sabes ....

não sabes tudo o que sei ...

e nem quero que saibas tudo que sei ...

como jamais quero que saibas tudo que eu de ti sei ...

nunca tu direi

nem em ti explorarei

aquilo que ousei

afirmar que sei ...

pois o que sei saber,

é mais do que afirmar

mais do que pensar ...

é o simples saber em ti provocar

de ti manipular ...

e como sei o que sei, jamais te direi

o que vi, vejo e verei...

e sentir, sentir te farei...

talvez apenas curiosidade

talvez perplexidade

por minha insanidade

ser maior do que a ingenuidade

que constrói tua verdade ...

por isso ... jamais te direi o que de ti em ti sei ...

quinta-feira, 21 de abril de 2011

mal dito

difícil será para nos homens de ontem viver em dias de hoje

malditos estes dias em que passados são os valores de outra hora

onde a lealdade nem se escora

e o cavalheirismo morreu de defunto



malditos sejam aqueles que pela vulgaridade de regem

e pela obesidade de novas modas se exploram

enforcada seja dignidade inexistente em tais almas perdidas

mais do que podres nunca existidas



maldito seja eu por bem achar estar

por correto de me tomar

por insurrecto ser

e nesta luta me irromper almejando não me perder



mas malditos aqueles que habitam

sabendo que diferentes são

mas ausentes se abstêm

de por esta causa amar

terça-feira, 19 de abril de 2011

hoje perco-me por mais o cigarro
por mais umas gotas de sabor amargo
de um velho traçado que volto a apreciar
bebo por entre palavras de um ardume não concreto
por segundos que retoma de um passado pouco discreto
por horas em que me sinto estranho e convexo

desprendo-me por velhos e intermináveis momentos em que minha mente se ausenta e ao álcool se apresenta velho estado de espírito
velha razão de não ser
não me vejo. não espelho te prevejo.
qual visão turba daquilo que não serás
do sorriso que não espalharas
do beijo não mordaz
de que meu ser não se desejara

reencontro-me e procuro o cachimbo
encontro de novo o cigarro para descobrir que folha deste tabaco não amadureceu
que feridas não escondeu e o medo de mim não se esqueceu
não entorpeço , não fujo nem esqueço
não corro nem tropeço
especado fico
penso e não reflicto
digo e não falo
perco.me e por mental teu estalo me acordo
para descobrir que do mundo discordo
que deste destino não concordo
que pessoas ignoro
e em ti não exploro
quem és quem sou e quem serei
que amar de amor não amarei
que futuro não vivereis que estranha forma não estranharei
que ar não respirarei
respiro

procuro o ar e inspiro
expiro e volto a inspirar
volto a snifar não o perfume mas a simples droga que de ti me faz não esquecer...
adormeço.. acordo e adormeço
sonho morro e sonho...
procuro em mim velho saber
velho e simples saber de voltar a sonhar ...
sonho, de novo sonho esse algo estranho sentimento de sonhar
em ti penso, mais em ti sonho
mas de sonho não passa
de acordado sem esperança em abundância voltar ousar em ti sonhar

quarta-feira, 23 de março de 2011

por vezes penso,
algumas vezes vejo,
outras ate mesmo prevejo...

mas é quando por entre um dia
vivido na multiplicidade da sua simples singularidade
se desprende um pedaço de simples verdade

por entre raios de uma cidade
sons da verdade
de um tango perturbante
qual ritmo melancólico
de perversidade escondida
tal velho acólito
qual alma perdida

por entre esta cidade se vive o insólito
como dourada agua do mal
se solta em espiral palavra inconsequente
e de dormente se torna nada banal

e fugindo das aguas do rio,
me movo,refugio do frio
esperando que solte arrepio
de mais uma nota sentida
de amaldiçoado tango perdido

um whisky no momento certo,
transforma até o pensamento mais disperso,
remédio dos poetas
forma de ver o mundo em imagens concretas

mas há dias em que nem a mais erudita das bebidas
faz ver minha vida completa
apenas mais uma imagem borratada
de uma pintura deploravel
apenas mais uma nota desgarrada
de uma melodia não amável

são estúpidos dias
em que nem a mais reles das cachaças
adormece meu sono
são malditos dias em que nem rei sem trono
mendigo descalço procurando um cadafalso onde cair ...

e absurdos dias em que bagaço não me adormenta
e a sangria de minha alma nem meu corpo esquenta ...
são inúteis dias em que com a alma dormindo
meus olhos teimam abrir ...

e a demência da minha eloquência não se ausenta e teima me possuir ...

terça-feira, 1 de março de 2011


Nascemos pequenos e pequenos somos se não crescemos
Crescemos e criamos
Falamos e cantamos
E voltamos a tentar crescer
Olhamos e vemos
Observamos e queremos
Queremos e dizemos
Dizemos e desejamos
Perdemos não amamos
Brincamos e crianças voltamos a ser ….
De novo, voltamos a crescer
A cabeça erguer e braços não baixar
Á corda brincamos, bola jogamos
Tropeçamos
Caímos e crianças voltamos a ser…
Gritamos, esperneamos
Bracejamos, não bocejamos e voltamos a crescer…
Fazemos birra e crianças voltamos a ser …
Criamos um circulo, transformamos em quadrado
Sem régua nem esquadro disforme terá de ser …
Lápis de cera pegamos, pintamos, sujamos, riscamos
Arriscamos e crianças voltamos a ser….
Pegamos num compasso e circulo criamos,
mas rejeitamos,
vemos que a perfeição é imperfeita
e que a vida não foi feita para em círculos caminhar…
descalçamos
o chão sentimos
o sorriso transmitimos
e por fim crianças voltamos a ser ,
mas belas crianças seremos, não porque crescemos, mas porque realmente vivemos com a alegria de criança ser…

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Rua


hoje escrevo sobre a rua
uma que não me destrua
nem me conclua

hoje observo teu movimento distante
e escrevo sobre a rua
não minha...
não tua...

apenas uma rua,
nua
dispersa
obesa
e crua
sobre a rua ...

junto as palavras
prendo as lágrimas
e suspirando em letras,
sobre a rua

não minha, não tua...

sobre a rua...

olho, não observo, fixo e vejo
desprovida
e comprida
tímida e destruída
completa mas não concluída
apedrejada
aprisionada
triste
e nua, a rua ...

levanto-me
e percorro a rua
corro, não fujo
vejo em movimento parado
em tempo fotografado
triste e apenas, a rua ...

não minha, não tua...

talvez conclua
que a calçada já não canta
que a vida já não me espanta

nesta rua...

não minha, não tua ...



foto flickr de gornabanja

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

sincronismo parte 2 take 1000


o mais difícil da vida não é o sincronismo do irreal tempo dos ponteiros,
mas o sincronismo entre o pensamento e o natural relógio
do desenrolar melancólico da película não filmada da historia lentamente contada que tentamos escrever

triste então de quem em pensamentos vorazes não consegue fazer as pazes
com lentamente sagaz rodar das imagens num disforme espelho
no qual tentamos ver a vida que aos ponteiros se apraz.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

dias parados

muitos são os dias em que me levanto e o tempo permanece parado,
como horas do tempo esborratado e um respirar desperdiçado
energia que o universo em mim dispersa e que de forma perversa teimo rejeitar

sao simples dias em que a dormência não se ausenta
e a sua presença num teimoso triste fado
que teima em tango não se transformar

são estúpidas imagens da monotonia de um jornal sem letras
e linhas sem cor
a imagem sem sabor de tom incolor num negro acinzentado
o relógio em movimento parado
um segundo em eternidade esticado
é o dia de um desgraçado que teima em se encontrar ...

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

apesar de até um relógio parado está certo duas vezes por dia
agua parada não move moinhos
viajar ao saber da corrente não é meu intente
a voar com o vento minha alma não me seguiria
e o ciclo do sol não passaria seria mais que apenas um dia

apesar do relógio solar estar sempre certo
e do tempo nesta costa ser inserto
apesar de dias de chuva torrencial e dias de infernal deserto

viverei sempre frenético, pausando o meu tempo
acelerando meu pensamento
e congelando o certo momento




algo que se encontrava guardado e que decido agora publicar

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

peço(-te)




não me dês nomes,
esses já os aprendi
e tua loucura os leva

ousa louco me deixar
tua porta fechar,
sozinho me deixar,
ou em teu corpo te acompanhar...

almeja me ter
minha mente deter
meu pensamento ver
e meu olhar ler...

tenta minhas acções antecipar
pedir licença para me conhecer
pedir desculpa por não me beijar

cumpre promessas devassas
de noites loucas
onde simplesmente tresloucas
e contra tuas paredes me lanças
apenas para que sustenha o respirar
te volte a sentir
de novo te ouse beijar

pede-me pimenta e doçura
carinho em loucura
ternura em paixão

pede que te jogue no chão
que te provoque
que teu ser invoque
pois pela demência do prazer
em ti me quero perder

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

hoje fazes-me escrever


hoje fazes-me escrever
não de cor
nem pela historia
pois essa já é memoria
da vida de outrora
mas pela tinta do pensamento que em mim provocas
parte da minha mente que evocas
pelo que tentas manipular
enquanto sem que te deixe ver
apenas te ouso ler
tento observar
é como a manipulação dissimulada
que á vista desarmada
de minha conversa desinteressada
mas apenas aprofundada
tenta te reencontrar
não para te voltar a possuir
mas para o simples sentir
da presença
de tua amizade desinteressada